Porque os lutadores têm que perder peso?
O corte de peso é frequentemente realizado por lutadores competitivos ao redor do mundo.
Muitas vezes, eles recorrem a estratégias extremas na tentativa de obter uma vantagem competitiva.
No entanto, essa prática tem riscos significativos para a saúde e o desempenho no esporte.
Neste artigo, exploraremos por que os lutadores precisam perder peso, por que eles desidratam e quais são as consequências se não conseguirem bater o peso.
Por Que os Lutadores Precisam Perder Peso?
Esses são alguns dos motivos do porquê os lutadores precisam perder peso:
- Categorias de Peso: A maioria dos esportes de combate é dividida em categorias de peso. Os lutadores competem contra oponentes que têm peso semelhante ao deles, o que ajuda a garantir uma competição justa.
- Vantagem de Tamanho: Lutadores que conseguem descer de categoria têm a chance de competir contra oponentes menores, o que pode resultar em vantagem de tamanho e força.
- Estratégia Tática: Em alguns casos, o corte de peso pode ser uma estratégia tática para enfrentar oponentes mais fracos em categorias de peso inferiores.
Para que eles consigam perder peso, os lutadores frequentemente recorrem a estratégia de desidratação. Veja abaixo mais sobre o tema.
Por Que Lutadores Desidratam?
O corte de peso muitas vezes envolve a desidratação como estratégia. Isso é feito para perder peso rapidamente nos últimos dias que antecedem a pesagem. As razões incluem:
- Rapidez: A desidratação é uma maneira rápida de perder peso. A água é eliminada do corpo para atingir o limite de peso da categoria.
- Reversibilidade: A desidratação é reversível. Os lutadores podem rapidamente reidratar após a pesagem, recuperando parte do peso perdido.
- Competição Justa: Muitos lutadores fazem isso para garantir que estejam dentro dos limites de peso de sua categoria.
Isso quer dizer que quando você vê um lutador que perdeu 10kg rapidamente, ele não perdeu gordura, ele desidratou e por isso, ele recupera o peso dele rapidamente para a luta.
Na prática, por mais que ele tenha batido o peso no dia da pesagem, durante a luta ele provavelmente acima da categoria, pois ele recuperou com a reidratação das células.
Consequências de Não Bater o Peso
O rigoroso processo de perder peso rápido para uma luta é enorme e desgastante. Como resultado, alguns lutadores não conseguem bater o peso no dia da pesagem e isso acarreta em algumas consequências.
- Luta cancelada: quando um lutador não consegue atingir o peso, a luta é cancelada. Isso prejudica a reputação do atleta, já que ele concordou em lutar, mas não pode. Além disso, os organizadores precisam encontrar outro oponente rapidamente, o que é difícil. Isso é ruim tanto para o lutador, que perde dinheiro, quanto para os organizadores do evento.
- Perdas financeiras: os lutadores não possuem salário fixo, eles ganham dinheiro quando lutam. Se não conseguem bater o peso, não lutam e, portanto, não ganham dinheiro.
Corte de peso faz mal para a saúde?
O corte de peso é uma prática muito comum para atletas de esportes de combate, porém o corte de peso excessivo e a desidratação têm sérias consequências para a saúde e o desempenho dos lutadores:
- Risco de lesões: A perda rápida de peso aumenta o risco de lesões musculares e articulares, pois enfraquece temporariamente o corpo.
- Redução do desempenho: A desidratação afeta negativamente o desempenho, resultando em fadiga precoce e falta de resistência.
- Problemas de saúde a longo prazo: O corte de peso extremo pode levar a problemas de saúde a longo prazo, incluindo distúrbios alimentares e problemas no sistema endócrino.
- Perda de massa muscular: A rápida perda de peso geralmente envolve a perda de massa muscular, o que pode afetar negativamente a força e a resistência.
Corte de peso rápido pode levar a morte?
Enquanto o corte de peso é uma prática comum no mundo das lutas, é importante reconhecer que, em alguns casos extremos, essa prática pode ter consequências devastadoras.
Lutadores que aderem a métodos de corte de peso excessivos ou pouco saudáveis correm o risco de enfrentar sérios problemas de saúde, e, em casos raros, até mesmo a morte. Vamos explorar alguns exemplos trágicos que destacam os perigos dessa prática:
- Yang Jian Bing: Este lutador de MMA chinês faleceu em 2015, após tentar cortar peso rapidamente antes de uma luta. Sua morte chamou a atenção para os riscos associados ao corte de peso extremo.
- Leandro Souza: Conhecido como “Feijão”, este lutador brasileiro morreu durante o processo de corte de peso em 2013, poucas horas antes de sua luta. Sua morte destacou a necessidade de regulamentações mais rigorosas na prática do corte de peso.
- Jordan Parsons: Em 2016, o lutador de MMA Jordan Parsons foi atropelado por um motorista que fugiu da cena. A investigação revelou que ele estava cortando peso no momento do acidente, o que pode ter afetado sua capacidade de evitar o veículo.
Esses casos trágicos ressaltam a importância de práticas seguras e regulamentadas no corte de peso em esportes de combate. As organizações esportivas e os próprios lutadores têm a responsabilidade de garantir que as técnicas de corte de peso sejam saudáveis e que os limites de segurança sejam respeitados. A vida dos atletas deve ser sempre priorizada, e a conscientização sobre os perigos do corte de peso extremo é um passo na direção certa para garantir a segurança e a saúde dos lutadores.
A dor e o desgaste do corte de peso. Assista ao vídeo:
Conclusão
O corte de peso é uma prática complexa no mundo das lutas. Embora seja comum, os lutadores precisam estar cientes das consequências físicas e de saúde envolvidas. É importante encontrar um equilíbrio entre competir em uma categoria de peso adequada e manter a saúde e o desempenho a longo prazo. É vital que as organizações esportivas e os lutadores trabalhem juntos para desenvolver regulamentações que incentivem práticas seguras de corte de peso e promovam a saúde geral dos atletas.
REFERÊNCIAS
LORENÇO-LIMA, Leandro de; HIRABARA, Sandro Massao. Efeitos da perda rápida de peso em atletas de combate. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 35, p. 245-260, 2013.